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Foto do escritorGABRIEL ZEINI

O que podemos apreender com o filme Divertida Mente?

Os filmes da Disney já nos mostraram que não são apenas finais felizes, mas muitos personagens já lidaram com a Tristeza. No filme Bambi, o filhote viu sua mãe morrer de repente e no Rei Leão foi Simba que perdeu seu pai. No mais novo filme da Pixar Divertida Mente é explorado as cinco emoções básicas inclusive uma das principais do filme, a Tristeza. No filme, uma menina de 11 anos, também vive uma experiência de perda que deve ser superada. Seu pai recebe uma oferta de trabalho que irá forçar a família a se mudar para bem longe de onde cresceram, deixando seus amigos. A novidade é que, desta vez, os produtores do filme deixaram à vista todos os mecanismos emocionais e com um embasamento mais científico.


Divertida Mente aborda a mente de uma garotinha, Riley, que até o começo do longa teve uma vida estável ao lado de pais amorosos em Minessotta. Dentro da cabeça de Riley, dividiam a “sala de comando” a Alegria, a Tristeza, a Raiva, “a” Nojinho e o Medo – emoções básicas que todos nós temos, incluindo os pais de Riley. A Alegria era a emoção preponderante, mais ativa que as demais. No dia a dia de Riley são geradas memórias, na maioria das vezes alegres, que são armazenadas em “ilhas de personalidade”, como família, amizade, honestidade, diversão e esporte. A história, no entanto, ocorre quando a menina passa por uma grande mudança em sua vida, gerando uma confusão na “sala de comando” e alterando a supremacia da Alegria – o que mais cedo ou mais tarde ocorre na vida de todos nós e precisamos fazer um exercício de aceitação desse processo.


Para a psicologia o que faz as emoções serem básicas e gerais para todo indivíduo é o fator evolutivo, ou seja, a longa história de seleção da nossa espécie. E que no decorrer desses milhares de anos, ao serem vivenciadas foram sendo selecionadas de acordo com a probabilidade de sobrevivência da espécie. A Alegria é funcional para mantermos o que está bom e adequado, a Raiva é necessária para reagirmos a ameaças e o Nojo para evitarmos de entrar em contato com alimentos ou coisas que ameaçam nossa saúde.


E aí podemos nos perguntar: Será a Tristeza uma vantagem evolutiva assim como os outros? Os cientistas do comportamento afirmam que sim. Existem um fator que vale a pena discutirmos a respeito da Tristeza.


O fator é que muitas vezes nos esquivamos ao nos depararmos com a Tristeza e isso pode ser prejudicial a partir do momento em que podemos ter pouco ou nenhum conhecimento do que realmente pode estar acontecendo com a nossa vida, ou seja, enquanto pensamos que fugir do problema seja a melhor solução, a Tristeza pode nos sinalizar que algo está errado e que ao aceitar e entende-la podemos tomar outras decisões que podem favorecer no surgimento de outras emoções como a Alegria.


Podemos ilustrar com uma situação na qual a criança se sente triste em todos os recreios e aí falamos para ela “Você não pode ficar triste, o recreio é para se divertir. ” Ao invés de explorar essa emoção e entender que o real motivo da tristeza é a falta de algumas habilidades sociais básicas que podem ser desenvolvidas para um comprometimento na produção de outras emoções. A Tristeza também é responsável por nos ajudar a nos aproximar das pessoas, atraindo-as para nos consolar e nos auxiliar em momentos difíceis.

Vivemos atualmente numa sociedade em que o sofrer é encarado como algo errado e apresentamos uma primeira postura de rejeitar esse sofrimento ou sensação de Tristeza. Isso nos distancia do entendimento que o ambiente quer nos ensinar e os sentimentos e emoções que são consequência dessa nossa relação com os eventos da nossa vida. Por isso quando atuamos no ambiente é inevitável que essas emoções básicas venham à tona e nossa “sala de comandos” estará pronta para reproduzir os comportamentos relacionados aos estímulos ambientais sejam eles desejáveis ou não.





Gabriel Zeini Gondim

CRP:13603

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